Por que a gente romantiza estar sempre ocupado?
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- 22 de jul.
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Outro dia, numa conversa rápida de elevador, alguém soltou um “na correria, né?” e eu, como quem assina contrato com o cansaço, respondi: “como sempre”. E seguimos. Cada um pro seu lado, cada um pro seu mundo cheio de afazeres, reuniões, notificações, planilhas, boletos, promessas de que “na semana que vem eu desacelero”. Só que nunca vem.

Estar ocupado virou medalha de honra. A gente se gaba de agendas lotadas, responde “tá uma loucura” com um leve orgulho e se sente mal em ter um tempo livre. Como se o descanso precisasse ser justificado, e o ócio fosse um pecado moderno.
Mas desde quando viver correndo virou sinônimo de sucesso? Desde quando não ter tempo virou sinal de importância?
Essa romantização da ocupação constante tem raízes profundas na nossa cultura de produtividade. Somos a geração do "trabalhe enquanto eles dormem", dos mil projetos paralelos, do burnout glorificado, da ideia de que quanto mais você faz, mais você vale. E isso é exaustivo.
A real é que estar sempre ocupado não é sinal de evolução, é sinal de desequilíbrio. E a gente precisa parar de aplaudir o cansaço.
Nem toda agenda cheia é feliz. Nem todo “não tenho tempo” é porque a vida tá incrível. Às vezes é só um jeito bonito de esconder que a gente se perdeu do que importa. Que esquecemos como é bom não fazer nada. Como é bonito ter um tempo à toa, um domingo preguiçoso, uma noite sem metas.
Desocupar-se também é um ato de coragem. De resistência. De amor-próprio. A gente precisa aprender a valorizar o espaço vazio no calendário, o café tomado sem pressa, o tempo que sobra pra existir, simplesmente.
No fim das contas, talvez a vida não seja sobre correr mais. Talvez seja sobre correr menos e perceber melhor.
Então, da próxima vez que alguém te perguntar como você tá, experimente responder “tô tranquilo”. Vai por mim: é libertador.
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